18 de setembro de 2013

Os sete pecados dos professores que deixam uma aula chata


Marcelo Andrade / Gazeta do Povo /
Marcelo Andrade / Gazeta do Povo
A mente divaga, os olhos ficam pesados, e lá se vai o conteúdo. Todo universitário já cochilou em sala de aula, ou pelo menos quase chegou a isso. A culpa pela sonolência, entretanto, nem sempre é do aluno. Algumas práticas dos professores contribuem muito para tornar uma aula desinteressante, e manter-se atento torna-se uma tarefa árdua.
Buscando descobrir as ações que levam à chatice em sala, o Vida na Universidade ouviu quem está no tablado e quem está na carteira. Sabe aquele professor que quando fala parece cantar “nana nenê”? Pois deixe esta edição do VU na mesa dele, no mural da sala ou “esquecido” na sala dos professores, se as dicas forem colocadas em prática, a turma toda vai sair ganhando.
Fugir do assunto
É compreensível o esforço de muitos professores em contextualizar suas disciplinas e praticar um pouco de interdisciplinaridade, mas quando a linha do bom senso é atravessada, os alunos logo notam e são afetados pela angustiante espera pelo retorno ao conteúdo da aula. Docentes que se perdem nos temas dos quais tratam acabam passando a impressão de que não prepararam a aula e estão apenas improvisando. Alunos dedicados não suportam a sensação de serem “enrolados”.

Cura 
Ajuda adotar esquemas para as aulas, sejam escritas num papel, nos slides ou mesmo mentais. Ter clara a sequência de assuntos a serem tratados, e ser fiel a ela, dá segurança à turma e ao professor.


Prender-se em discussões com alunos específicos

Ninguém gosta de ser ignorado numa conversa, e é assim que muitos estudantes se sentem quando o professor se deixa envolver em intermináveis diálogos com um único aluno ou com pequenos grupos, reduzindo os demais a meros espectadores.

Cura
Professores devem procurar ser breves em respostas que não interessam à turma toda, ou dizer ao aluno interessado que a conversa pode continuar ao fim da aula.

Ler durante a aula toda

Artifícios úteis como o projetor de slides ou textos impressos podem se converter em verdadeiras tentações do comodismo. Quando o professor se apega exclusivamente ao que está escrito, passando aulas inteiras apenas lendo, é inevitável que o aluno se pergunte: “Se eu apenas lesse um livro será que não aprenderia a mesma coisa ou mais?”. É inevitável a onda de bocejos quando o docente ainda deixa de usar slides e de distribuir textos para que os alunos acompanhem, exigindo que eles somente ouçam o que é lido.
Cura
Nas apresentações, o melhor é limitar-se a citar tópicos escritos nas telas e desenvolvê-los oralmente. No caso de textos impressos, interrupções a cada dois ou três parágrafos com comentários ou contextualizações ajudam a tornar a leitura mais dinâmica.

Passar atividades irrelevantes
Que universitário não percebe quando uma atividade contribui para sua formação e quando uma tarefa é dada apenas para mantê-lo ocupado? Algumas vezes essa prática chega a ser ofensiva, pois os estudantes sentem-se infantilizados, como se eles precisassem de um passatempo enquanto o professor faz algo mais importante do que dar aquela aula.
Cura 
Uma atividade não deve ser pedida sem que os alunos compreendam (e acreditem) no motivo de estarem fazendo aquilo. Quando fica claro para a turma que determinada tarefa contribui para o aprendizado, todos participam muito mais motivados.

Exigir que todos falem num debate

Pecado típico do professor bem-intencionado que quer estimular a participação da turma, mas, por exagerar na medida, acaba deixando muito tempo de aula para opiniões. O professor que faz isso consegue aborrecer dois tipos bem diferentes de estudante. Os debatedores natos, que não veem a hora de partirem para uma discussão mais produtiva, e os desinteressados pelo tema, que se sentem oprimidos com a obrigação de falar e podem dar declarações pouco fundamentadas.
Cura
Em debates, o importante é ter todos convidados a falar, especialmente se alguém tiver uma opinião diferente, mas sem que a turma inteira tenha de dizer algo. A iniciativa de falar tem de ser incentivada, não imposta.


Excesso de linguagem técnica

Padecem desse mal, principalmente, os professores de áreas cuja literatura é carregada de termos específicos, como Direito e os cursos ligados às Ciências Biológicas. Alunos precisam dominar alguma linguagem técnica para a produção acadêmica, entretanto o uso excessivo dessa linguagem nas aulas os afasta do conteúdo e do aprendizado. Fora isso, a frequência com que o professor fala palavras difíceis pode ganhar aparência de ostentação. Tem como deixar algo mais desinteressante?
Cura
Clareza é uma qualidade a ser buscada com determinação por todo professor, portanto, na hora de planejar a aula, é preciso tirar um tempo procurando palavras mais simples, mesmo para explicar realidades complexas. Não é preciso abrir mão da linguagem técnica, mas, oralmente, ela pode conviver muito bem com o linguajar do dia a dia.

Ignorar a bagunça

Fingir que nada demais está acontecendo enquanto alguns alunos não param de conversar faz a turma concluir que nem o professor leva a própria aula muito a sério. Além disso, a turma fica com a expectativa de que o professor vai reclamar a qualquer momento, aí a concentração é que sai perdendo.
Cura
É esperado que às vezes o professor interrompa a aula para chamar a atenção e isso pode torná-la mais produtiva. Os bons alunos agradecem.

Fontes: Inge Suhr, coordenadora pedagógica do Grupo Educacional Uninter, e Janete Joucowski, dos cursos de Marketing e Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Curitiba. Matéria publicada na Gazeta do Povo Online.

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